Um romance que atravessa linhas do tempo, memórias perdidas e decisões mal executadas.
Sinopse
Após dormir por centenas de anos, Tinasha desperta em uma linha do tempo alternativa onde não é mais uma bruxa, seu reino foi restaurado e ninguém, nem mesmo Oscar, parece se lembrar dela. Em meio a um mundo redesenhado por paradoxos temporais, Tinasha precisa lidar com ameaças mágicas, refazer conexões perdidas e quebrar a maldição que cerca Oscar. Mas reconstruir tudo do zero pode ser ainda mais complicado do que antes.
História: um emaranhado de timelines e ritmo apressado
A ideia central de Unnamed Memory Act.2 é poderosa: um romance capaz de sobreviver ao tempo, às perdas de memória e até ao rearranjo completo da realidade. No entanto, o anime escolhe conduzir essa premissa com pressa e pouca organização.
Desde o primeiro episódio, é possível perceber que a adaptação não tem tempo — ou vontade — de construir seus momentos com calma. Um exemplo gritante está logo na estreia da temporada: após um confronto com uma bruxa, Oscar e Tinasha vão a um festival, encontram uma poça de sangue, são atacados com magia por inimigos misteriosos e, sem maiores explicações, retornam ao castelo em segurança. Como escaparam? Não sabemos. A cena simplesmente é cortada. Esse tipo de transição abrupta se repete ao longo de toda a temporada.
A fragmentação narrativa faz com que a história pareça menos uma trama coesa e mais um resumo apressado, como se estivéssemos assistindo a um guia de leitura da light novel em formato animado. Ideias interessantes são apresentadas, mas raramente são exploradas com profundidade.
Personagens: evolução interrompida
Se a primeira temporada dava mais espaço para Oscar, Act.2 tenta dar protagonismo a Tinasha. E isso, em teoria, seria um acerto — ela é de longe a personagem mais intrigante do elenco. A melancolia por carregar memórias que ninguém mais possui, sua relação com o mundo reconstruído, e a dualidade entre ser poderosa e vulnerável tinham tudo para render um excelente arco de personagem.
Infelizmente, o roteiro não desenvolve isso com consistência. Tinasha se mostra poderosa ao lançar feitiços com facilidade, mas também é capturada mais de uma vez sem grande resistência. Sua relação com Oscar é central, mas superficial — ela o ama, sim, mas raramente vemos o porquê ou como esse sentimento se renova nessa nova linha temporal. O anime simplesmente assume que o amor existe, mas não o reconstrói com o espectador.
Além disso, há flashbacks e cenas importantes que surgem sem qualquer preparação. Em um episódio, por exemplo, Oscar revive a lembrança de sua mãe salvando sua vida — algo que nunca havia sido mencionado antes. Faltam pistas, construção e coesão.
Direção, ritmo e adaptação: entre o caos e o colapso
Se a primeira temporada já havia sido criticada por correr demais com os eventos da light novel, Act.2 mantém (ou piora) o problema. O resultado é um roteiro que parece confuso até mesmo para quem está familiarizado com a obra original, e absolutamente caótico para quem assiste apenas ao anime.
As sequências se atropelam, personagens entram e saem sem impacto, e o anime parece determinado a empilhar eventos em vez de desenvolvê-los. A sensação é de estar assistindo a um trailer estendido, não a uma narrativa completa.
Trilha sonora: o verdadeiro salvador da série
Se há um ponto em que Unnamed Memory Act.2 realmente brilha, esse ponto é a trilha sonora. Akito Matsuda entrega composições grandiosas, emotivas e incrivelmente bem integradas às cenas. Mesmo nos momentos mais banais, sua música injeta emoção, ritmo e intensidade. No episódio sete, há uma sequência de mais de quatro minutos em que Matsuda simplesmente carrega a cena nas costas — uma explosão de orquestra digna de um clímax muito melhor do que o que está sendo mostrado visualmente.
É notável que, mesmo após entregar a trilha de Sound! Euphonium recentemente, Matsuda ainda esteja em plena forma. Seu trabalho aqui é, sem dúvida, superior a grande parte das trilhas sonoras de animes de fantasia recentes.
Conclusão
Unnamed Memory Act.2 é um caso clássico de uma boa ideia com execução problemática. A ambientação mágica, o romance trágico e o conceito de múltiplas linhas temporais poderiam ter rendido uma história envolvente, mas foram tratados com uma velocidade que impede o espectador de se conectar.
Tinasha merece mais. Oscar precisa de mais camadas. E o público precisa de uma adaptação que valorize a trama que deseja contar. No fim, o que resta são boas ideias perdidas entre cortes, elipses e transições apressadas.
Notas:
Categoria | Nota | Comentário |
---|---|---|
História | 4,0 | Ideia forte, mas narrativa fragmentada e mal encadeada. |
Personagens | 5,0 | Tinasha tem potencial, mas falta desenvolvimento. |
Animação | 4,0 | Adequada, mas sem brilho ou fluidez marcante. |
Direção de Arte | 5,0 | Cenários e character design competentes, mas genéricos. |
Trilha Sonora | 8,5 | Akito Matsuda entrega uma trilha excelente. |
Ritmo / Edição | 3,0 | Sequência de eventos mal estruturada e apressada. |
Adaptação | 3,5 | Salta partes importantes da novel e confunde o espectador. |
Valor de entretenimento | 5,0 | Interessante em alguns momentos, mas frustrante em muitos outros. |
Nota Final: 4,8 / 10
Uma continuação com alma, mas sem pulso narrativo. Vale pela trilha sonora e pela curiosidade... se você tiver paciência para o caos.