The Too-Perfect Saint: Review dos Episódios 1 a 3

 

Na abertura do poema “Goblin Market”, Christina Rosetti afirma: “não há amiga como uma irmã, em tempos calmos ou de tempestade.” E essa frase define perfeitamente a relação das irmãs Adenauer neste anime. Philia, a mais velha, foi moldada desde cedo para ser a "santa perfeita", mas não por amor ou admiração — e sim para ser descartada. Sua família não queria que ela brilhasse, queria que ela saísse de cena.

Desde criança, Philia passou por um treinamento exaustivo. Mesmo entregando tudo de si, nunca foi o suficiente: nem para os pais, nem para o noivo príncipe, nem para o povo. E mesmo quando reconhecem seus esforços, ainda reclamam que ela não sorri o bastante — porque, aparentemente, esperar que alguém sorria após noites sem dormir e carregando a responsabilidade de manter um reino inteiro saudável e livre de monstros é totalmente razoável, certo?

A única pessoa que genuinamente admira Philia é sua irmã mais nova, Mia. Também nascida como santa — uma posição aparentemente hereditária nesse universo —, Mia não carrega nem metade do peso que foi jogado sobre Philia. Isso não tem nada a ver com talento, e sim com favoritismo. Mia é querida, é poupada, é mimada. E para garantir que ela não descubra a verdade, todos fizeram questão de convencê-la de que Philia está fazendo tudo por vontade própria. O resultado? Mia a idolatra.


Quando a verdade vem à tona, o enredo finalmente ganha força

Até o terceiro episódio, a trama caminha de forma lenta. No final do episódio 1, Philia é vendida ao reino vizinho de Parnacorta por seu pai e seu noivo — uma traição que eles cometem com uma alegria cega e absurda. O episódio 2 mostra como os sacrifícios de Philia são desumanos. Mas é no episódio 3 que tudo muda: Mia descobre a verdade. E decide que vai se vingar.

Mia é um contraponto direto à irmã: é energética, ousada e, acima de tudo, determinada a proteger Philia. Enquanto a irmã foi levada a crer que só serve para servir, Mia ainda tem força e liberdade para agir. O contraste é gritante. E é isso que impulsiona a história de verdade. Philia, por si só, já não sabe quem é. Quando o príncipe Osvalt, de Parnacorta, pergunta algo simples como "o que você gosta?", ela trava. Tudo que consegue responder é: “Eu sou a Santa Philia… e gosto de chá.” Nada mais.

Essa cena sintetiza o quanto ela foi esvaziada de identidade. É um momento triste e poderoso. Philia não sabe o que gosta, o que sente, ou sequer se gosta de doces. Ela não pode mover a história sozinha porque nunca aprendeu a ter autonomia. Mas agora ela tem algo que nunca teve antes: ajuda.


Duas irmãs, dois caminhos — mas o mesmo objetivo

A estrutura narrativa alterna entre Philia e Mia. Na novel, isso nem sempre funciona bem por falta de distinção entre as vozes das personagens. Já no anime, essa divisão funciona melhor. Philia recebe mais destaque inicialmente, mas é Mia quem muda o jogo. E é ela quem mais entende o que está em jogo. Mia não age por dever, por política ou por status — ela age por amor à irmã.

É claro que é emocionante ver Philia sendo acolhida em Parnacorta, com um novo lar e um príncipe apaixonado por ela. Mas é Mia quem conhece toda a dor que ficou para trás. É ela quem se torna a verdadeira “salvadora” de Philia. E, em uma história onde a heroína é rejeitada por não sorrir como uma boneca obediente, a figura de uma irmã como cavaleira branca funciona muito melhor do que o clichê de um príncipe encantado.


Expectativas para o futuro da série

Usar três episódios apenas como introdução é arriscado, mas “The Too-Perfect Saint” parece estar prestes a deslanchar. Com Mia em busca de justiça e Philia construindo uma nova vida — talvez, pela primeira vez, sob seus próprios termos —, o caminho está aberto para um enredo mais envolvente.

Acima de tudo, esperamos que Philia finalmente descubra quem ela é, o que ama e, principalmente, que aprenda a dizer "não" para quem espera que ela sorria enquanto carrega o mundo nas costas.

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