The Beginning After The End estreia com episódio introdutório morno

 


            A tão aguardada adaptação de The Beginning After The End, baseada no web novel de TurtleMe, finalmente chegou ao catálogo da Crunchyroll com exibição semanal às quartas-feiras. A história gira em torno de King Grey, um poderoso soberano de um mundo tecnológico que renasce como Arthur Leywin, um bebê em um universo cheio de magia e perigos. Reencarnado com memórias de sua vida passada, Arthur logo percebe que essa segunda chance traz não apenas aventuras, mas também desafios emocionais que ele jamais enfrentou como rei.

Mas… o primeiro episódio convence?

            Como alguém que acompanha a versão em webtoon (lançada no Ocidente pela Yen Press), posso dizer com confiança: esse episódio inicial não é a melhor porta de entrada para a obra. Não que houvesse uma maneira fácil de contornar isso — afinal, ignorar a infância de Arthur seria um erro, já que ela é essencial para entendermos quem ele se torna.

            No entanto, assistir um bebê reencarnado lidando com fraldas, coceiras e a descoberta do amor familiar não é exatamente o que a maioria dos espectadores esperaria de uma fantasia épica. O episódio até consegue gerar alguma empatia ao mostrar Arthur lidando com pais amorosos pela primeira vez — algo inédito para ele, que provavelmente foi um órfão solitário em sua vida anterior. Mas a narrativa, nesse ponto, é mais introspectiva do que empolgante.

Excesso de exposição

            Outro problema claro no episódio é a carga de informações despejada logo de cara. A explicação sobre reinos, tipos de magia e funcionamento do “núcleo de mana” até tem sua importância, mas talvez pudesse ter sido diluída ao longo dos episódios. A sensação é de que tudo está sendo contado, em vez de mostrado — algo que prejudica o ritmo. Felizmente, ao menos não tentaram justificar por que um recém-nascido consegue ler, então temos aí um pequeno alívio.

Pontos positivos

            Apesar das críticas, há méritos. A narração interna do “Arthur adulto” sobre a situação constrangedora de ser um bebê pode ser divertida, e o roteiro evita com sucesso qualquer humor de mau gosto — não há piadas incômodas sobre amamentação ou comentários inapropriados. O constrangimento fica restrito à troca de fraldas, e a escolha de não mostrar o parto em si (como ocorre na obra original) foi acertada.

            O final do episódio, que destaca a percepção emocional de Arthur sobre o valor de uma família amorosa, é de longe o ponto alto. É ali que sentimos um vislumbre do crescimento que virá — tanto mágico quanto humano.

Parte técnica

            Visualmente, a adaptação é fiel ao estilo do webtoon, mas sem grandes destaques em termos de animação. As cenas são competentes, mas não memoráveis. Ainda assim, para quem já conhece a obra, esse início serve como base sólida para o que virá. Para quem está chegando agora? Pode parecer morno — mas vale a pena insistir.

Três visões sobre a estreia do novo isekai da Crunchyroll



Richard Eisenbeis – Uma introdução promissora com nuances emocionais

            Richard considera a estreia uma pequena vitória por fugir do clichê clássico dos protagonistas isekai: Arthur não é um estudante japonês comum, nem vem do nosso mundo. Ele é um ex-rei de um planeta sci-fi, treinado desde cedo para governar com punho de ferro.

            O episódio faz um contraste direto entre a criação sem amor de Arthur em sua vida passada e o afeto genuíno de seus pais em sua nova vida. No passado, ele era apenas mais um órfão em uma competição brutal para se tornar rei, sempre cercado por traições e ameaças. Já em sua nova existência, cercado por carinho e segurança, Arthur começa a entender o que é o amor verdadeiro — uma mudança essencial para seu desenvolvimento como personagem.

            Embora o episódio foque totalmente em sua fase como bebê, isso permite um equilíbrio entre momentos cômicos (como sua frustração ao não conseguir se comunicar) e reflexões mais profundas. O mundo e o sistema mágico são apenas tocados de leve, o suficiente para despertar curiosidade.

Veredito de Richard: Um bom começo, com foco emocional e espaço para crescer.


Caitlin Moore – Internacional, mas inofensivo

            Caitlin destaca a origem global do projeto: um autor americano, artista indonésio, publicado em plataforma coreana e adaptado por estúdio japonês. No entanto, ela aponta que essa diversidade de origens não resultou em algo particularmente original — chamando atenção para a "falta de identidade cultural" que muitos produtos otaku possuem.

            Ela compara a série a Mushoku Tensei, mas sem os aspectos problemáticos. Arthur, como Rudy, renasce em um mundo mágico cercado por amor, mantendo suas memórias e conquistando habilidades rapidamente. No entanto, para Caitlin, falta “temperatura” emocional — The Beginning After The End evita os excessos de outros isekais, mas também não entrega nada de realmente envolvente.

            Ela também faz críticas visuais: o design dos personagens (como a proporção exagerada da cabeça de Arthur ou o figurino excessivamente ornamentado de sua vida passada) a distraíram, e não no bom sentido.

Veredito de Caitlin: Sem os defeitos de outros isekais, mas também sem charme.


James Beckett – Mais do mesmo, só que menos animado

            James é mais direto em sua frustração: para ele, o episódio é mais uma repetição cansativa do já saturado ciclo dos "reencarnados". Toda a narrativa gira em torno de um adulto narrando, com tom cínico, as agruras de ser um bebê — incluindo choro, fraldas e descobertas sobre magia.

            Ele reconhece um momento de impacto emocional no final, quando Arthur percebe o valor da família. No entanto, sente que faltou aprofundar o contraste entre o rei solitário que foi e a nova vida que agora leva, o que poderia ter dado mais peso ao episódio.

            Outro ponto negativo para James é a parte técnica: a animação é fraca, com visuais genéricos e pouca fluidez. Segundo ele, nem o roteiro nem os gráficos sustentam a experiência.

            Veredito de James: Um começo morno demais para justificar o investimento. Ele não descarta uma possível melhora no futuro, mas prefere gastar seu tempo com produções mais marcantes.



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