Episódio 3 de Lazarus mistura estilo, crítica social e baklava — mas sem muita lógica
É difícil não se encantar com a estética deslumbrante de Lazarus. As cenas de ação estilizadas, os visuais globais ricos e o som de tirar o fôlego continuam sendo os grandes atrativos da série. Porém, no terceiro episódio, fica evidente que a narrativa está tropeçando nos próprios passos, entregando uma mistura de temas sérios, cenas absurdas e uma estrutura de roteiro que parece um rascunho jogado às pressas no papel.
Baklava e a quebra da suspensão de descrença
A trama do episódio gira em torno de uma visita a um gueto onde Axel e Doug tentam localizar pistas sobre o paradeiro do Dr. Skinner. Ao longo da jornada, o anime tenta discutir temas relevantes como marginalização, transfobia, racismo e exclusão social. Jill, uma mulher trans falida, e Doug, um acadêmico cancelado por confrontar um reitor racista, representam figuras simbólicas de resistência.
O problema é que essas discussões têm profundidade rasa. São tocadas com boas intenções, mas sem desenvolvimento real. A cereja do bolo — ou melhor, o pistache do baklava — chega quando a pista mais “importante” da investigação é: Skinner gostava do baklava da vovó Belinda em Istambul. Sim, esse é o “gancho” que leva os protagonistas à próxima localização da história.
A ação impressiona, mas sem razão narrativa
A sequência em Istambul é tecnicamente excelente: correria, perseguições pelas ruas, cenários vibrantes — puro espetáculo. Mas o roteiro não justifica nada disso. Um grupo aleatório de moradores quase lincha Leland, apenas para serem acalmados quando ele menciona o nome da tal “Granny Belinda” e seu famoso doce. Como isso faz sentido? Não faz. E pior: a visita à vovó não revela nada útil para a trama.
Ainda temos momentos inexplicáveis como Chris e Leland enganando policiais ao se disfarçarem de faxineiros e ameaçarem os oficiais com uma conta de limpeza (!), conseguindo acesso à casa de uma das pessoas mais procuradas do planeta. A liberdade criativa aqui beira o surreal.
Quando a forma supera (muito) o conteúdo
Apesar das críticas, Lazarus ainda é uma experiência visual divertida. As composições de Watanabe, os cenários e a direção de arte têm personalidade, e o ritmo da série faz com que o espectador raramente se entedie. É o tipo de anime que parece incrível... até você parar para pensar no que realmente aconteceu. E aí, tudo desmorona.
Conclusão
O episódio 3 de Lazarus é o exemplo perfeito de um anime que encanta no estilo, mas frustra no conteúdo. É bonito, é sonoro, é rápido — mas se perde em um roteiro que parece improvisado. Se você não se importa com a lógica e quer apenas curtir ação estilosa e trilha sonora matadora, ele ainda entrega. Mas se você está procurando coerência narrativa e desenvolvimento sólido, prepare-se para revirar os olhos entre um pedaço de baklava e outro.