Análise da Série de Anime
Sinopse:
Ippo finalmente conquistou o cinturão de campeão japonês dos pesos-pena e está determinado a defender seu título contra qualquer desafiante. No entanto, será que ele possui a determinação necessária para manter essa posição? Embora tenha atingido o topo do boxe nacional, o mundo ainda é um território inexplorado para ele. Enquanto isso, o ex-campeão japonês Eiji Date se prepara para enfrentar Ricardo Martinez, o atual campeão mundial da categoria, mostrando a Ippo o quanto ainda precisa evoluir para competir em nível internacional.Análise:
Foi uma grata surpresa ver uma continuação de um dos meus animes favoritos — mesmo que tenha demorado cerca de sete anos. Na verdade, entre a primeira temporada e New Challenger, houve um filme e um OVA que aprofundaram personagens secundários, mas é estranho o filme não estar disponível junto com o resto da série em plataformas de streaming, já que ele mostra a primeira defesa de título de Ippo. Essa segunda temporada começa justamente relembrando esse combate, o que acaba sendo um pouco esquisito, principalmente considerando que o tema central agora gira em torno das responsabilidades que vêm com o título de campeão.A série segue a fórmula bem-sucedida da primeira temporada: usar personagens já conhecidos para ampliar o universo do boxe apresentado. Um dos destaques é Eiji Date, o único que derrotou Ippo até agora. Ao observar a luta entre Date e Martinez, Ippo se dá conta de quanto ainda precisa aprender. As lutas são intensas não apenas pelo status dos combatentes, mas pelos resultados brutais. O controle de peso e os danos físicos permanentes são levados a sério — e Ippo presencia tudo de perto.
Apesar das boas lutas, senti que o protagonismo de Ippo diminuiu consideravelmente. Ele participa de vários momentos, mas apenas uma luta real é protagonizada por ele. Essa batalha, mesmo conectada ao tema da temporada — carregar o peso de ser o alvo de todos os desafiantes — acaba sendo uma das menos empolgantes de toda a série.
A carga emocional maior recai sobre Eiji e Takamura, dois modelos para Ippo, o que tira ainda mais o foco do protagonista. A intenção da temporada é clara: mostrar que, mesmo com a conquista do cinturão, o caminho de Ippo está longe do fim. Essa escolha narrativa, embora compreensível, pode frustrar quem esperava ver o protagonista em destaque novamente.
Na primeira temporada, outros personagens também tiveram seu tempo de tela, mas as histórias sempre acabavam convergindo para Ippo. Agora, algumas lutas se estendem por até cinco episódios, o que dá uma sensação de ritmo mais arrastado. Além disso, há muitos monólogos durante os combates, o que pode indicar uma tentativa de compensar a menor fluidez na animação das lutas.
Por outro lado, a transição para a animação digital foi bem executada. Os contornos grossos e os efeitos de sombreamento continuam presentes, e os personagens parecem brilhar sob a luz do ringue. No entanto, a fluidez e a intensidade das animações diminuíram em comparação à primeira temporada, com o uso frequente de quadros estáticos e linhas de velocidade.
A parte sonora, porém, evoluiu. Os sons dos golpes são impactantes a ponto de causar arrepios, e é possível sentir cada osso sendo atingido. A trilha sonora passou a usar instrumentos mais clássicos, como violinos, para reforçar o drama dentro do ringue. Embora eu prefira o estilo mais energético da primeira temporada, reconheço o efeito emocional que buscavam alcançar.
No fim das contas, esta análise soa mais crítica do que eu esperava. A temporada ainda apresenta boas lutas e retrata de forma realista a dureza do boxe, mas a ausência de Ippo no centro da narrativa tira um pouco da essência que cativou os fãs desde o início. A série parece preparar terreno para algo maior, o que mostra o comprometimento do autor com o desenvolvimento a longo prazo. Resta torcer para que o próximo arco devolva o protagonismo a Ippo e resgate a energia dos primeiros episódios.
Avaliação Geral:
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Nota final: 8,0
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História: 8,0
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Animação: 7,5
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Arte: 8,5
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Trilha sonora: 8,5
Pontos Positivos:
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Lutas intensas com consequências reais e chocantes
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Som excepcional, especialmente nos impactos
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Boa adaptação para animação digital
Pontos Negativos:
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Ippo parece um personagem secundário na própria série
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As animações de luta perderam impacto
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Ritmo narrativo mais lento, com episódios longos e pouca ação do protagonista