Can a Boy-Girl Friendship Survive? – Episódios 1 a 3: amizade, ciúmes e a linha tênue entre amor e amizade
A velha história de melhores amigos que podem (ou não) se tornar amantes é um clássico absoluto do romance. É um clichê, sim, mas por uma boa razão: toda relação romântica duradoura precisa de amizade em sua base. O que diferencia Can a Boy-Girl Friendship Survive? de outros animes do gênero é que ele coloca a amizade como motor principal da narrativa, deixando o romance em segundo plano — pelo menos por enquanto.
Himari e Yu: amizade verdadeira ou amor disfarçado?
A protagonista Himari é, de longe, o foco emocional da série até agora. Ela é divertida, intensa e extremamente difícil de definir. Sua relação com Yu começou com laços fortes, mas a escolha de manter tudo no território da amizade parece ter sido uma forma de se proteger de uma rejeição romântica. Ao mesmo tempo, ela não quer que Yu siga em frente com outra pessoa. Em resumo: Himari quer manter Yu por perto, mas sem se comprometer de verdade.
O problema? Aparece uma terceira pessoa: Rion, uma antiga paixão de Yu. Apesar de sua importância para o enredo, Rion ainda é mal desenvolvida nesses primeiros episódios e serve mais como catalisadora para que Himari se mova — ou se descontrole.
Himari: adorável ou insuportável?
A grande questão aqui é como o público vai reagir a Himari. Ela é um retrato de impulsividade adolescente: ciumenta, indecisa, um tanto egoísta, mas profundamente humana. Ela tenta apoiar Yu, mas também o provoca emocionalmente e fisicamente de forma confusa, fazendo com que ele se sinta desconfortável — algo que o próprio Yu verbaliza no final do episódio 3. E isso é importante: o anime não ignora o impacto das ações dela nele.
É muito fácil simpatizar com Himari porque seus sentimentos são compreensíveis, mas isso não justifica suas atitudes. Ela age movida por medo, desejo de controle e uma esperança velada de que o romance entre eles "aconteça naturalmente", sem que ela precise se expor demais. Isso a coloca em uma posição quase manipuladora, mesmo sem intenção direta de machucar.
Narrativa que alterna entre madura e juvenil
O texto da série tem momentos de profundidade e outros bem mais rasos. Isso pode ser visto como falha de roteiro — ou como um reflexo fiel da adolescência, que é feita de contradições. O anime quer abordar essa zona cinzenta entre a amizade e o romance sem pressa, e isso pode ser tanto um ponto positivo quanto um risco, dependendo de como o arco de Himari será desenvolvido daqui em diante.
Conclusão: drama emocional com potencial (e risco)
Com apenas três episódios, Can a Boy-Girl Friendship Survive? já conseguiu me deixar dividido: Himari é real demais para ser ignorada, mas suas ações me deixam desconfortável. Ao mesmo tempo, é exatamente isso que torna o anime interessante — ele não oferece respostas fáceis.
Se a série souber trabalhar com essas emoções cruas e der mais espaço para Yu e Rion também crescerem, pode entregar um drama romântico bem mais honesto do que o padrão do gênero.
Notas:
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História: 7,5
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Personagens: 7,0 (com espaço para evolução)
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Desenvolvimento emocional: 8,0
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Diálogos e roteiro: 6,5
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Expectativa para os próximos episódios: 8,0
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Nota geral dos episódios 1–3: 7,4/10