Apesar desse final sem muito impacto, a série como um todo foi maravilhosa. A parte visual é excelente, e o desenvolvimento dos personagens foi, sem dúvida, o mais bem trabalhado da temporada. Foi extremamente revigorante acompanhar uma história que lida com questões emocionais do cotidiano — como a pressão por perfeição e a mentalidade competitiva — de maneira tão sensível e realista. A maturidade emocional do elenco principal é outro grande destaque: é raro ver personagens com tanta consciência de si e dos outros, o que torna os conflitos muito mais envolventes e significativos.
Embora já tenha um tempo que ela não tem tanto foco, a trajetória da Anne continua sendo uma das minhas favoritas. É incrível como o anime se recusa a pintá-la como vilã só porque ela quer vencer. Pelo contrário: ele mostra que querer ganhar, por si só, é perfeitamente legítimo — desde que não se machuque ninguém no processo. Parece algo simples, mas é uma abordagem rara, especialmente no mundo dos animes, onde o desejo de vencer costuma vir com uma tragédia de fundo: um mestre morto, uma mãe falecida, um passado traumático. Aqui, não tem nada disso. Anne quer vencer porque... ela gosta de vencer. E isso basta. Acredite, o público não vai abandonar sua obra só porque o protagonista não tem um drama profundo por trás.
Outro aspecto que eu amo demais nessa série é o fato de ela girar em torno de algo tão inusitado quanto discurso competitivo. Desde o início, venho falando isso, mas vale repetir: nunca vi outro anime, ou qualquer outra mídia, que sequer mencione esse tipo de competição — muito menos que a trate como tema central. Se Flower and Asura existisse na minha época de competições, eu teria ficado completamente obcecado. Provavelmente assistiria aos episódios repetidamente entre uma rodada e outra dos torneios. Espero que vocês tenham gostado das curiosidades e explicações que compartilhei sobre discurso competitivo ao longo dessas análises, porque hoje em dia quase nunca tenho a chance de falar sobre isso — e foi muito divertido poder fazer isso aqui.
Por outro lado, o único ponto fraco mais evidente da série talvez seja o quanto ela flerta com o yuri sem nunca se comprometer. Mesmo neste último episódio, vemos Hana dizendo para Mizuki o quanto ela gosta dela, e que os dias ficam mais brilhantes quando estão juntas. E isso é só a ponta do iceberg de tensão romântica entre elas que esteve presente durante toda a série. É quase impossível não enxergá-las como duas garotas apaixonadas. Mas, conhecendo como esse tipo de narrativa costuma ser tratado — vide Sound! Euphonium — é difícil acreditar que o romance vá realmente acontecer. Ainda assim, deixo essa questão em aberto.
De toda forma, Flower and Asura foi meu anime favorito da temporada, do início ao fim. E, mesmo que não tenhamos uma continuação, esses 12 episódios entregaram uma história poderosa, sensível e completa — sobre crescimento, vulnerabilidade, competição e o valor das conexões humanas.