Ave Mujica Episódio 13 – Um Final Explosivo de Emoção, Música e Identidade

 

            Um dos melhores (e talvez menos comentados) projetos da franquia BanG Dream! é o filme Film Live 2nd Stage. Focado quase inteiramente nas apresentações musicais, o longa mostrou o quanto o estúdio SANZIGEN evoluiu em animação de performances e direção de shows virtuais. Essa habilidade foi refinada e amplamente aproveitada nas séries seguintes, como It’s MyGO!!!!! e Ave Mujica. E agora, neste episódio final, o estúdio retorna ao formato de show completo para encerrar a temporada com um verdadeiro espetáculo — uma espécie de mini Film Live 3rd Stage.

            A decisão de encerrar com cinco músicas faz todo o sentido. Afinal, Ave Mujica tocou bem menos do que se esperava de um anime musical... por diversas razões. Mas diferente do filme anterior, esse encerramento está longe de ser “leve em história”. Pelo contrário: este episódio é um grito final, carregado de significado, onde as letras e performances comunicam mais sobre os personagens do que qualquer diálogo.

            As canções de MyGO!!!!! e Ave Mujica são densas e profundamente ligadas ao emocional das integrantes, revelando camadas de suas personalidades. É uma colisão de dois mundos: a sinceridade crua de MyGO!!!!! em contraste com a teatralidade melancólica de Ave Mujica. Como no início, assim termina — como a contracapa encadernada de um livro, selando dois lados de uma mesma narrativa.

            Mesmo que um sucessor espiritual já tenha sido anunciado, o foco agora é este epílogo — e que epílogo. Mais uma vez, é preciso agradecer à Crunchyroll, à Bushiroad e às demais envolvidas por manterem as legendas das letras nas transmissões. Sem isso, o episódio perderia quase todo seu conteúdo textual — e as músicas, como em qualquer bom musical, são o coração da narrativa. As letras de Tomori ainda expressam sua busca por si mesma e pelos laços que criou, mas agora carregam também gratidão por ter encontrado alguém como Sakiko. Elas não sabem o que o futuro trará — e é exatamente esse o ponto.

            Antes mesmo da performance de Sakiko e companhia, o episódio deixa claro: ela está se libertando das amarras do que os outros esperavam dela. A música de MyGO!!!!! sempre foi íntima, mas agora também expressa afeto e desejo por manter os laços formados. É algo tocante — e refletido em momentos como Tomori reconhecendo o amadurecimento de Soyo, ou Anon conseguindo acompanhar Rāna, ainda que roube a cena no fim, porque… ela é Anon. Mas todas elas cresceram ao entender e acolher o outro.

            Ave Mujica, por outro lado, volta com tudo ao seu drama — como era de se esperar. Elas absorveram a mensagem de Tomori sobre seguir em frente, mas isso se manifesta como uma performance envolta em camadas e camadas de mecanismos de defesa. Doloris canta sobre ser uma impostora, enquanto as luzes de palco banham a banda em todas as cores... menos as verdadeiras. Não usam mais máscaras — não porque deixaram de se esconder, mas porque já ultrapassaram a necessidade de disfarce. Agora, são o que são.

            A obsessão com o esquecimento está por toda parte — tanto nas letras quanto na peça teatral encenada por elas. Isso ressoa com a decisão de Sakiko de "fingir que nada aconteceu" entre ela e Hatsune, no episódio anterior. Elas podem repetir esse ciclo de dor e recomeço quantas vezes quiserem, contanto que possam fingir que é tudo novo. Esse é o mundo ideal de Sakiko — uma casa de bonecas onde ela pode brincar de ser Deus. E o fato de Hatsune aceitar esse papel, mesmo sabendo que vai desmoronar, mostra o quanto sua situação emocional é instável... mas agora, ao menos, ela é honesta sobre isso. Elas compuseram músicas sobre isso. Vai dar certo. Provavelmente.

            O episódio está cheio desses detalhes sutis, que dizem muito com pouco. Depois de três episódios de incertezas, um simples sorriso refletido no espelho de Mutsumi mostra que Mortis ainda está ali. A harmonia entre as duas durante a apresentação revela como estão mais sincronizadas: Mutsumi faz sua guitarra cantar, e Mortis adiciona personalidade. É o suficiente para abalar Nyamu, que agora tem sentimentos bem mais complexos pelas “Little Beepos” do que no início da série.

            Isso sem contar as indulgências visuais deste episódio, dignas de um show simulado. Câmeras que seguem o braço da guitarra de Anon, por exemplo, remetem diretamente ao estilo cinematográfico de Film Live. E, claro, os closes nada sutis na traseira de Timoris denunciam que há alguns pervertidos na equipe de animação — o anime não teria sido o mesmo sem eles. Em um momento, brinquei dizendo que essa série terminaria com “duelo de espadas entre namoradas num estacionamento de Denny’s”, e no final... armaram toda a banda com espadas. Cada uma delas, um símbolo afiado de uma série que nunca fez nada pela metade. Como sempre, "Ave Mujica não faz nada pela metade."

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