Animes Mais Aguardados da Temporada de Primavera 2025 – Top 10 Imperdíveis

            Cada nova temporada de animes traz consigo aquela expectativa no ar. Quais serão os títulos que vão nos surpreender? Quais parecerão incríveis no papel, mas não vão sustentar o próprio peso? E quais vão superar todas as expectativas?

            Nossa equipe de redação analisou a temporada de Primavera 2025 para apontar quais séries parecem ter o maior potencial.

            Para quem nos acompanha há mais tempo: a seleção dos animes mais aguardados, melhores e piores da temporada agora é feita por meio de votação ranqueada entre os editores. Isso garante uma variedade maior de títulos entre os escolhidos, ajudando a compor nosso Top 10 com mais representatividade.

            De vez em quando, você também verá uma menção honrosa — um anime que quase entrou na lista principal, mas que apareceu em várias votações individuais da equipe e, por isso, merece destaque.

            Confira abaixo a lista dos animes mais esperados da Temporada de Primavera 2025, segundo a equipe editorial:

10. Apocalypse Hotel


            Se tem uma garota de anime vagando por um mundo pós-apocalíptico, minha atenção está garantida. Ok, não é um critério infalível — às vezes o resultado é um desastre como Momentary Lily, que faz você questionar se o universo realmente quer o nosso bem. Mas outras vezes, surgem pérolas como Train to the End of the World ou Girls’ Last Tour, e é por essas que vale a pena arriscar.

            Apocalypse Hotel parece ser um desses acertos — e nem parece tanto uma aposta, na verdade. A premissa traz uma androide gerente de hotel recebendo hóspedes dos mais excêntricos em um refúgio de hospitalidade no meio de uma Tóquio engolida pela natureza. Só essa ideia já me conquista. Junte a isso uma pitada de existencialismo robótico melancólico e pronto: estou dentro. (Assumindo, é claro, que moluscos como eu possam sobreviver ao fim do mundo.)

            A proposta é original — ou seja, não é baseada em mangá ou light novel — então vale ficar de olho na equipe por trás do projeto. O estúdio é o Cygames Pictures, que já mostrou competência em títulos ousados e estilosos, como Brave Bang Bravern!, que foi meu anime do ano de 2024. É verdade que um estúdio sozinho não garante qualidade, mas a Cygames costuma investir sua grana de gacha em projetos diferentes — e quase sempre com bons resultados.

            Apocalypse Hotel também reúne talentos conhecidos: o roteirista Shigeru Murakoshi, por exemplo, trabalhou em Zombie Land Saga e também contribuiu com roteiros para Train to the End of the World, o que mostra que ele entende bem de histórias no fim do mundo.

            Mas o que mais me empolga é ver Kana Shundo na direção. Ela atua na indústria há mais de uma década, mas essa é sua primeira vez comandando uma série — e, pelo que já vimos no trailer, ela está aproveitando a oportunidade ao máximo. Visualmente, está deslumbrante. O contraste entre o hotel arrumadinho e o caos vivo da cidade em ruínas é maravilhoso. O design de personagens, assinado por Natsuki Yokoyama, é suave e aconchegante, trazendo um charme adicional.

            Yokoyama e Shundo são colegas de longa data, e ambas são amigas de Hiromi Taniguchi, que recentemente foi diretora de animação em Negative Positive Angler. Destaco esses nomes não só porque admiro seus trabalhos, mas porque é animador ver mulheres talentosas liderando projetos criativos e inusitados como esse. Essa é a energia que eu mais espero encontrar quando começa uma nova temporada.


9. Go! Go! Loser Ranger! – 2ª Temporada

          

             Vivemos, já há algum tempo, uma verdadeira era de animes com temática tokusatsu. Recentemente tivemos o divertido The Red Ranger Becomes an Adventurer in Another World, que provou que até o mais batido dos isekais pode ganhar vida nova com uma boa dose de ideais heroicos — e uniformes de spandex.

            Agora, Go! Go! Loser Ranger! retorna com sua segunda temporada, mostrando que esses mesmos ideais também são divertidos quando virados do avesso. É ótimo ver uma oferta constante de séries que brincam com o estilo Sentai, especialmente quando aparecem ao lado de obras irreverentes como a comédia romântica Love After World Domination. Qualquer coisa que mantenha M.A.O. homenageando suas origens já vale o ingresso.

            Loser Ranger! é, na essência, um suspense dramático disfarçado de batalha matinal de super-heróis. É uma história cheia de reviravoltas, subversões e que se alimenta da quebra constante de expectativas. Diga comigo: é como se The Boys encontrasse Power Rangers. E olha, eu não sabia que precisava disso até ler o mangá pela primeira vez.

            A nova temporada parece pronta para aumentar as apostas, como toda boa continuação deve fazer. O final da primeira temporada terminou com o irreverente Fighter D ganhando destaque e sendo promovido a líder de sua própria equipe de Rangers. O trailer já dá indícios de que um arco grande e pesado vai abrir a nova fase, e mal posso esperar para ver como Keiichi Satō — o mesmo que nos trouxe o clássico Tiger & Bunny — vai conduzir essa nova leva de episódios.

            Mais do que tudo, fico feliz que Loser Ranger continue sendo um dos pilares do estilo Super Sentai no anime moderno. A primeira temporada encontrou um tom muito próprio ao explorar, por exemplo, o lado sombrio dos "heróis" conhecidos como Dragon Keepers, e trouxe reflexões interessantes sobre como histórias de heróis e vilões podem ser distorcidas, dependendo da perspectiva. E como esquecer do encerramento dançante com os "vilões"? É o tipo de coisa que dá personalidade e marca a série de vez.

            Em todos os sentidos, Loser Ranger é entretenimento de primeira, e é ótimo ver que os riffs de tokusatsu estão em alta a ponto de garantir mais temporadas para séries como essa.

8. Your Forma


            Tenho sentimentos mistos quanto aos trabalhos anteriores do Geno Studio. Séries como Kokkoku e Pet começaram com muito potencial, mas acabaram entregando experiências irregulares. Ainda assim, hoje em dia, valorizo mais animes que tentam contar histórias ousadas e diferentes — mesmo que o resultado final precise de mais polimento — do que produções impecáveis, mas sem alma. Prefiro uma bagunça ambiciosa do que uma mediocridade polida.

            Your Forma é a nova tentativa do estúdio de adaptar uma light novel de sucesso, e confesso que esse projeto está marcando todas as caixinhas certas pra mim. A trama é (relativamente) madura, sem depender de adolescentes, mundos de videogame, escolas de magia ou reencarnações em mundos paralelos. A proposta flerta com um estilo techno-noir suave, misturando androides detetives e investigações futuristas — o que dá uma pegada de sci-fi policial bem distinta do que temos visto por aí.

            Visualmente, a produção parece muito sólida. Os trailers mostram um design de personagens limpo e cenários detalhados que passam segurança (pelo menos no padrão dos trailers atuais). Dá aquela sensação de que o time de produção sabe o que está fazendo — o que já é meio caminho andado.

            Claro, a dinâmica de dupla entre Echika Hieda, a investigadora humana, e Harold Lucraft, seu parceiro androide, não é nenhuma revolução no gênero. Essa fórmula de "humano + robô detetive" já era familiar quando Eu, Robô (com Will Smith dando porrada em androides dublados por Alan Tudyk) chegou aos cinemas. Mas esse tipo de narrativa me agrada justamente por ser clássica — e porque, nos últimos anos, não tem sido bem explorada.

            Ainda sinto o gosto amargo de decepções como Metallic Rouge, e muitos de nós fingem que Psycho-Pass terminou na primeira temporada, né? Mas Your Forma parece ter a chance de se encaixar naquela categoria rara de thrillers sci-fi que falam diretamente com um público mais maduro, em vez de tentar agradar apenas adolescentes com déficit de atenção.

            Séries com esse tom mais adulto e investigativo são poucas por temporada — então vou aproveitar a oportunidade para mergulhar nas missões de Echika e Harold e descobrir que tipo de mistérios distópicos essa dupla vai ter que enfrentar juntos.

7. Witch Watch


            Se você perguntar para alguém qual é o "coringa" mais subestimado da atual Shonen Jump, fora dos grandes nomes como One Piece, Sakamoto Days, Kagurabachi ou Ichi the Witch, provavelmente vai receber várias respostas diferentes. Mas a resposta certa — ou pelo menos a próxima melhor — seria Akane-banashi ou Blue Box. E logo em seguida, vem Witch Watch.

            A obra é escrita por Kenta Shinohara, veterano na Jump desde 2007, conhecido tanto pela comédia escolar Sket Dance quanto pela ficção científica de ação Astra: Lost in Space. Witch Watch mistura o melhor dos dois mundos, criando algo único e surpreendentemente versátil.

            À primeira vista, parece só mais uma comédia romântica sobrenatural: uma bruxinha adolescente chamada Nico vai morar com seu crush de infância, Morihito, que é um ogro e seu guarda-costas designado. Com o tempo, outros rapazes de raças sobrenaturais se juntam ao grupo para protegê-la — e, claro, evitar que ela cause o caos com sua magia descontrolada. Mas não se engane.

            Witch Watch é muitas coisas ao mesmo tempo: uma rom-com fofa, uma sátira da cultura pop e da indústria de mangás, um semi-reverse harem, uma paródia elaborada de mangás de batalha, e ao mesmo tempo… um mangá de batalha real, com drama de personagem bem construído. E isso é só o começo.

            Pode até parecer uma comédia bobinha à primeira vista, mas se você der uma chance, será recompensado. E se você é do tipo que tem um buraco no peito no formato de Gintama, essa é a série mais próxima de preenchê-lo — especialmente considerando que Shinohara foi assistente de Hideaki Sorachi, o criador de Gintama.

            Claro, com tantas facetas e estilos misturados, é difícil prever como o anime vai conseguir equilibrar tudo isso. Mas os trailers parecem promissores — e se a adaptação acertar o tom certo, não há dúvidas: Witch Watch será um dos grandes destaques da temporada de Primavera 2025.


6. Anne Shirley


            Pode confiar em mim: você não quer saber quantas vezes eu já li Anne de Green Gables, o romance de 1908 escrito por L. M. Montgomery. A minissérie de 1985 era praticamente obrigatória em dias de febre e cobertor, e ainda considero a melhor adaptação já feita. Mas guardo um carinho especial pela versão em anime do clássico World Masterpiece Theater de 1979, e seria mentira dizer que não estou muito animado(a) com essa nova adaptação.

            A história de Anne, ambientada na fictícia cidade de Avonlea, na Ilha do Príncipe Eduardo, é incrivelmente atemporal. Mesmo sendo uma obra do século passado, seus personagens e enredo continuam perfeitamente adaptáveis aos dias de hoje. Anne Shirley é o tipo certo de protagonista destemida: adotada por engano (os irmãos Matthew e Marilla Cuthbert queriam um garoto para ajudar na fazenda), ela nunca se deixa abater por muito tempo. Montgomery criou Anne justamente para subverter o clichê da “órfã trágica” que dominava a literatura da época — e deu tão certo que muitas heroínas modernas devem seu espírito livre à Anne com “e”, por favor.

            Pelos teasers e trailers divulgados até agora, dá pra perceber que o designer de personagens Kenichi Tsuchiya está se inspirando bastante nos visuais clássicos de Yoshifumi Kondō de 1979. Anne mantém seu visual infantil, cabelos ruivos vivos e expressões sonhadoras. A estética geral é encantadoramente pastoral e antiga, perfeita para qualquer fã de adaptações passadas de Anne de Green Gables — seja nos livros, filmes ou animações.

            A nova versão já deu pistas de que vai incluir cenas icônicas: Anne andando no beiral do telhado, entrando na igreja com o chapéu cheio de flores do campo e, claro, a infame cena da lousa quebrada na cabeça do Gilbert (ele mereceu, naquele momento). Com sorte, isso significa que momentos igualmente memoráveis, como o “cordial” da Diana e a dramatização de A Senhora de Shalott, também estarão presentes — afinal, deixar esses de fora seria quase um sacrilégio.

            Anne Shirley é uma ícone da infância no campo, ao lado de personagens criadas por Astrid Lindgren (Píppi Meialonga) e Kate Douglas Wiggin (Rebecca of Sunnybrook Farm). Mesmo que você nunca tenha tentado atravessar um telhado de beiral (e eu não vou admitir nada), ou encenado seu livro favorito de forma desastrosa, a autenticidade de Anne, sua coragem em ser exatamente quem é, continua sendo uma inspiração poderosa.

            Se essa nova adaptação conseguir capturar metade do charme da obra original, já vai ser algo muito especial.

5. Rock is a Lady's Modesty

            Chegamos a um ponto em que há tantos animes sobre garotas em bandas de rock que já dá até pra chamar de subgênero emergente. E olha que isso é algo recente — com títulos como Ave Mujica, Bocchi the Rock! e Girls Band Cry mostrando que existe público, paixão e muito som envolvido. E agora, ao que tudo indica, vem mais por aí com Rock is a Lady's Modesty.

            A trama gira em torno de Lilisa Suzunomiya, uma jovem que abandona sua paixão pelo rock ao entrar em um colégio interno para garotas da alta sociedade. Mas tudo muda quando ela conhece Otoha Kurogane, uma baterista talentosa que desperta de volta o espírito rebelde e musical adormecido dentro dela.

            E se os trailers e vídeos promocionais forem um indicativo do que está por vir, podemos esperar uma experiência visual e sonora explosiva: riffs de guitarra suados e intensos, animações estilosíssimas, sequências de bateria com energia de Whiplash e aquele brilho caótico que só o rock proporciona.

            E se isso ainda não te convenceu, talvez o time por trás do projeto faça isso. A equipe de produção inclui nomes de peso como:

  • Shinya Watada (Aikatsu Stars!, The IDOLM@STER Million Live!),
  • Ōri Yasukawa (Bleach: Thousand-Year Blood War – The Separation, Migi & Dali),
  • Shogo Yasukawa (Food Wars!, A Certain Scientific Railgun T), entre outros talentos.

            Com essa mistura de rebeldia musical, drama escolar e direção estilosa, Rock is a Lady's Modesty promete ser uma das experiências mais vibrantes da temporada de Primavera 2025. Para quem curte música, personagens femininas fortes e aquela estética sonora que pulsa no ritmo da juventude... esse anime já merece entrar no radar.

4. My Hero Academia: Vigilantes

            Um dos aspectos mais fascinantes de My Hero Academia sempre foi o mundo onde a história se passa. Uma sociedade onde heróis são regulamentados, vilões são combatidos com profissionalismo e as pessoas vivem sob a proteção de um sistema bem definido. Enquanto a série principal acompanha Deku em sua jornada para se tornar o maior herói de todos, esse universo sempre deixou claro que há muitas outras histórias esperando para serem contadas.

            É por isso que fico tão empolgado com My Hero Academia: Vigilantes. O mangá spin-off sempre teve uma proposta interessante: explorar os cantos menos iluminados da sociedade de heróis, com personagens que não seguem as regras ou que simplesmente não foram aceitos pelo sistema. O protagonista é um estudante universitário com um dom simples de mobilidade — nada impressionante —, mas com o mesmo espírito heroico que vemos em Deku. A diferença? Ele age fora da lei.

            É quase como se estivéssemos vendo uma realidade alternativa onde Deku nunca tivesse cruzado o caminho de All Might. O que acontece com alguém que quer fazer o bem, mas não tem o reconhecimento ou o suporte do sistema? Essa pergunta está no centro da narrativa, e promete um olhar mais maduro, cru e pé no chão sobre o universo da franquia.

            Outro ponto que me anima bastante é o estilo visual da adaptação. Sempre senti que o anime principal poderia ter se arriscado mais no visual “quadrinhesco” — algo que o mangá de Vigilantes já fazia muito bem. Pelo que vimos nos trailers, essa nova série aposta em cores mais vibrantes, contornos mais grossos e um estilo mais ousado, quase como se estivesse finalmente abraçando a estética de HQ que sempre foi uma inspiração clara para a franquia.

            Com a história principal de My Hero Academia se aproximando do fim, Vigilantes chega no momento certo — um novo olhar sobre esse universo, com tons diferentes, personagens menos convencionais e um foco nas zonas cinzentas da moral heroica. É um spin-off que tem tudo para se destacar e, quem sabe, até deixar sua própria marca definitiva.

3. Kowloon Generic Romance

            A nostalgia não é apenas um conforto melancólico para quem idealiza o passado — ela também pode ser uma armadilha. Uma prisão invisível que impede muitos de seguirem em frente. E é exatamente nessa doce armadilha nostálgica que Hajime Kudou está preso, em uma versão sutilmente distorcida da mítica Cidade Murada de Kowloon, em Hong Kong. Kudou não consegue se afastar de sua colega de trabalho, a elegante e enigmática protagonista Reiko Kujirai, uma corretora japonesa de 32 anos.

            Enquanto Kujirai vive sua rotina nos labirintos urbanos dessa Kowloon futurista — repleta de prédios aglomerados e vielas labirínticas —, ela começa a se apaixonar por Kudou, que lhe parece estranhamente familiar. Mas por que ela não consegue lembrar do próprio passado? Por que ele a olha, às vezes, com tamanha dor nos olhos? Quem é, de fato, Kujirai, e por que sente que sua vida não lhe pertence? Assim começa sua busca por se tornar seu “Eu Absoluto.”

            Kowloon Generic Romance é baseado no mangá de Jun Mayuzuki, a mesma autora de After the Rain, que foi adaptado para anime pelo Wit Studio em 2018 com uma beleza visual que ainda encanta. Aqui, no entanto, não há espaço para polêmicas — nada de romances com diferença de idade desconfortável. Tanto Kujirai quanto Kudou são adultos, o que por si só já torna essa história um achado raro no mundo dos animes românticos.

            Mas o que realmente diferencia Kowloon Generic Romance é a atmosfera — uma ambientação misteriosa, envolvente, quase hipnótica. É o que muitos chamariam de “vibe imaculada”.

             A Kowloon de Mayuzuki é quase um personagem por si só. Inspirada na cidade real, demolida em 1994 e hoje parte da memória nostálgica de seus antigos habitantes, aqui ela continua existindo em um futuro indefinido — um lugar concreto, mas ao mesmo tempo etéreo.

            Enquanto Kujirai mergulha cada vez mais em sua crise de identidade, ela é acompanhada por um elenco diverso e cativante: Youmei, a costureira animada; Xiaohei, um verdadeiro faz-tudo; o misterioso ex-barman Gwen; e o sinistro Dr. Hebinuma, ex-amante de Gwen, que dá pistas de um mundo sombrio por trás da fachada romântica de Kowloon.

            Esse não é apenas um romance peculiar. Há uma camada constante de ficção científica sutil, um desconforto latente que revela que nem tudo é o que parece.

            No mangá, a narrativa se desenrola lentamente, com a autora revelando suas cartas aos poucos. É um mistério contado em gotas, onde cada capítulo oferece apenas fragmentos. Ainda não sabemos se a adaptação seguirá a obra até o fim — como ocorreu com After the Rain —, mas com o mangá se aproximando de seu clímax, há uma boa chance disso acontecer.

            A produção está nas mãos do estúdio Arvo Animation, conhecido por Irina: The Vampire Cosmonaut (2021) e We Never Learn: BOKUBEN (2019), obras que agradaram públicos diferentes. Embora Kowloon Generic Romance provavelmente não traga ação eletrizante nem gargalhadas constantes, se for adaptado com sensibilidade, pode se tornar uma das séries mais bonitas, cativantes e tocantes do ano.

2. Lazarus


            Choo choo! Todo mundo a bordo do trem do hype, porque Lazarus está chegando! A nova coprodução do Adult Swim tem recebido um verdadeiro bombardeio de divulgação há mais de um ano e meio. Claro, isso não é sinônimo de qualidade — na verdade, às vezes é até motivo de desconfiança. A indústria de entretenimento americana costuma sufocar a criatividade e só libera orçamentos decentes para remakes, o que acabou comprometendo o potencial do aguardado Uzumaki, apesar da paixão evidente da equipe envolvida.

            Mas, mesmo com essas ressalvas… é impossível não ficar animado com qualquer projeto que tenha o nome de Shinichirō Watanabe. Ele pode não acertar em cheio toda vez, mas já chegou perto da perfeição muitas vezes. Quando o assunto é projeto autoral, poucos têm o mesmo toque que ele. E desta vez, Watanabe está voltando às raízes: reuniu músicos, dubladores e colaboradores que já trabalharam com ele antes, ou que foram diretamente influenciados por sua obra. Ele também revelou que esse trabalho é, em parte, uma homenagem à roteirista Keiko Nobumoto, sua amiga e parceira criativa de longa data, que faleceu em 2021 e era conhecida por sua abordagem humanista e feminista ao desenvolvimento de personagens.

            Além disso, Watanabe talvez seja o diretor de anime mais conectado ao cenário global atualmente — e isso nunca foi tão necessário. Ele constrói histórias com elencos diversos, abordando questões sociais e sistêmicas que afetam o mundo inteiro, como racismo e desigualdade. Com um público internacional em mente, ele não foge de temas que vão além de sua própria realidade. Entre suas inspirações recentes, ele citou inclusive a pandemia da COVID-19. Watanabe é, sem dúvidas, um criador que faz arte com posicionamento político — e, convenhamos, o mundo precisa disso mais do que nunca.

            E, claro, Lazarus parece ser simplesmente divertido pra caramba. Cada trailer é uma injeção de adrenalina: o protagonista Axel, dublado por Mamoru Miyano, corre por paredes, salta entre prédios e executa movimentos de parkour com precisão absurda. Toda a divulgação até agora destacou cenas de ação explosiva, perseguições acrobáticas e tiroteios eletrizantes — mas, com Watanabe e seu colaborador de longa data Dai Satō no roteiro, o potencial para temas mais densos e complexos está ali, pronto para ser explorado.

            O próprio Watanabe afirmou que Lazarus será sua obra-prima. E vindo de quem já nos entregou clássicos como Cowboy Bebop, Samurai Champloo e Kids on the Slope... bem, não tem como não ficar curioso para ver se ele realmente vai superar tudo que já fez.

1. Mobile Suit Gundam GQuuuuuuX

            Falar sobre GQuuuuuuX sem entrar em spoilers é quase impossível — ou no mínimo, desonesto. Os trailers originais da obra foram cuidadosamente editados para esconder a verdadeira natureza da história e de sua estrutura narrativa, ocultando completamente a existência da primeira metade do filme de estreia em três partes, Mobile Suit Gundam GQuuuuuuX: Beginning.
Se você quiser manter a surpresa intacta, essa é a hora de parar por aqui.

Ainda aí? Ok.

            Apesar de já termos tido diversos animes de Gundam ambientados em universos alternativos, GQuuuuuuX é um caso especial. Isso porque ele se passa em um desvio direto da linha do tempo original da franquia. O ponto de partida da trama é um “e se?”: E se Char Aznable tivesse encontrado o Gundam antes de Amuro? E mais: E se, por causa disso, Zeon tivesse vencido a guerra?

            O anime começa justamente explorando essa realidade alternativa passo a passo, nos mostrando destinos completamente diferentes para personagens clássicos da série. O fim da guerra chega — de forma explosiva — e o que sobra é um mundo ao mesmo tempo familiar e completamente novo, tão intrigante quanto impactante.

            É nesse cenário, entre o velho e o inédito, que conhecemos Machu, uma estudante aparentemente comum que acaba envolvida na busca pelo Gundam perdido de Char. Machu é uma newtype — embora nem ela entenda o que isso realmente significa. Quando entra no cockpit psycommu do Gundam GQuuuuuuX, ela tem um vislumbre de um plano de pensamentos e emoções além da realidade. E, a partir daí, fica viciada nessa “visão”, quase como uma dependente atrás da próxima “dose”.

            Ao seu lado estão Shuji, o novo piloto e atual dono do Gundam original, e Nyaan, uma jovem refugiada que atua como contrabandista na colônia espacial onde vivem. A amizade improvável entre os três acaba levando Machu e Shuji a se tornarem uma dupla em um ringue clandestino de lutas com mobile suits — enquanto são caçados tanto pela polícia local quanto pelas forças de Zeon.

            No fim das contas, Mobile Suit Gundam GQuuuuuuX é ao mesmo tempo uma história de amadurecimento e uma reinvenção corajosa de um dos universos mais icônicos do anime. Para quem nunca assistiu Gundam, a série é perfeitamente acessível. Mas para os fãs de longa data… a experiência é simplesmente imperdível.

            E não é só a ideia ousada que chama atenção: Kazuya Tsurumaki (FLCL, Rebuild of Evangelion) assume a direção, com Yōji Enokido (FLCL, Neon Genesis Evangelion) assinando o roteiro — com a colaboração do próprio Hideaki Anno, criador de Evangelion. Com um time de peso, animação de altíssimo nível e trilha sonora memorável, GQuuuuuuX se consolida como o anime imperdível da temporada de Primavera 2025.



            Com uma temporada tão rica em propostas criativas, direções ousadas e universos variados, a Primavera 2025 promete agradar tanto os fãs de longa data quanto quem está apenas começando no mundo dos animes. Da ficção científica distópica ao romance contemplativo, das batalhas explosivas às histórias mais intimistas, o que não vai faltar é diversidade — tanto de temas quanto de estilos.

            É interessante observar como o cenário atual continua acolhendo obras autorais, adaptações de sucesso e até produções originais que buscam desafiar formatos tradicionais. Seja explorando mundos pós-apocalípticos, reimaginando franquias consagradas ou trazendo novas vozes femininas à direção e ao roteiro, essa seleção mostra o quanto o anime continua sendo um dos meios mais dinâmicos e inovadores da ficção contemporânea.

            Seja você fã de mechas, de comédia romântica, de sci-fi psicológico ou simplesmente de boas histórias bem contadas, essa temporada tem algo guardado para todos. E embora seja impossível prever quais dessas apostas realmente vão marcar época, o simples fato de termos tantas possibilidades já é motivo para comemorar.

            Agora é preparar a lista de estreias, marcar os calendários e ficar de olho nas estreias — porque o que vem por aí pode muito bem se tornar seu próximo anime favorito.

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